sábado, 31 de março de 2012

O colecionador - Calouste Sarkis Gulbenkian




Calouste Sarkis Gulbenkian
(1869-1955)

A paixão de Calouste Gulbenkian pela arte revela-se cedo. Como poderia ser de outro modo nesta família oriunda da Capadócia cuja cidade de origem Cesareia evoca naturalmente o nascimento das grandes religiões e consequentemente a paixão pelas artes? Quanto a Constantinopla que faz também parte do cerne da educação de Calouste Gulbenkian esta cidade era por excelência uma encruzilhada de civilizações (capital dos Romanos, depois dos Gregos e mais tarde dos Turcos Otomanos). Daí resultou uma paixão intrínseca pelas artes que se traduziu pela aquisição de uma colecção de obras de arte prodigiosa. É acima de tudo a beleza dos objectos que lhe interessa. Junta ao longo da vida, ao sabor das viagens e conduzido pelo seu gosto pessoal, por vezes após longas e laboriosas negociações com os melhores peritos e comerciantes especializados, uma colecção muito ecléctica, única no mundo. São hoje mais de 6000 peças, desde a Antiguidade até ao princípio do séc. XX. O seu apego às obras que vai adquirindo é tal que as considera suas filhas.

A colecção de pintura de Calouste Gulbenkian inclui obras de Bouts, Van der Weyden, Lochner, Cima de Conegliano, Carpaccio, Rubens, Van Dyck, Frans Hals, Rembrandt, Guardi, Gainsborough, Rommney, Lawrence, Fragonard, Corot, Renoir, Nattier, Boucher, Manet, Degas e Monet. De entre os trabalhos de escultura, figura o original em mármore da célebre Diana, de Houdon, que pertenceu a Catarina da Rússia, e que Gulbenkian adquiriu ao Museu Hermitage em 1930.

Ao longo dos anos, a colecção foi aumentando. Como medida de segurança, a colecção de Paris foi dividida e parte enviada para Londres. Em 1936, a colecção de arte egípcia foi confiada ao British Museum e os melhores quadros à National Gallery. Mais tarde, em 1948 e 1950, essas mesmas peças serão transferidas para a National Gallery of Art de Washington.

As delicadas deslocações das obras foram realizadas à custa de diligências fastidiosas e arriscadas. Era grande a preocupação de Gulbenkian no que respeitava à preservação do seu património e a forma de evitar o pagamento de impostos sobre o seu legado à medida que a sua colecção se ampliava. Em 1937, Calouste encetou discussões nesse sentido com Kenneth Clark, director da National Gallery em Londres para que a sua colecção ficasse num “Instituto Gulbenkian” naquela galeria.  Esta iniciativa não tendo sido bem sucedida Calouste considerou mais tarde a National Gallery em Washington para onde tinha sido já transferida parte da sua colecção. Lord Radcliffe, o seu advogado britânico, torna-se o seu principal conselheiro e confidente no que respeita aos assuntos do seu património a partir de 1943. Não tendo sido tomada qualquer decisão até à morte de Calouste, acaba Radcliffe por assumir a solução desta questão. Sabe-se, no entanto, que Gulbenkian tinha muito empenho que a sua colecção ficasse sob um mesmo tecto para que as pessoas pudessem testemunhar o grande empreendimento criado por um só homem durante a vida.

Depois da sua morte e após árduas negociações com o Governo Francês e às condições em que o empréstimo à National Gallery of Art, de Washington, havia sido realizado, foi possível tornar este desejo realidade. A colecção completa veio para Portugal em 1960, tendo estado exposta no Palácio dos Marqueses de Pombal (Oeiras) entre 1965 e 1969.

Só 14 anos após a morte do ilustre coleccionador, o seu último desejo foi concretizado: o Museu Calouste Gulbenkian abriu as portas em Lisboa. 


Fonte

Vídeo sobre o Museu Nacional da Arte Antiga

Museu Nacional de Arte Antiga


                        


Fonte vídeo

quarta-feira, 28 de março de 2012

Museu de Arte Antiga



Situado na rua das Janelas Verdes que faz ligação com o contíguo largo de Santos-o-Velho, a nascente, e com o sítio da Pampulha, a poente, da onomástica desta rua lhe vem o nome pelo qual é popularmente conhecido – o de Museu das Janelas Verdes. Característica artéria, ainda hoje semeada pela memória de antigos palácios, igrejas e conventos, convertidos na actualidade nos mais diversos fins, a sua localização, alcantilada sobre o rio e a zona portuária, confere-lhe uma envolvência cenográfica invejável. 
A meio da rua, frente à primitiva entrada principal do museu, abre-se um pequeno largo de planta em U, denominado largo do Dr. José de Figueiredo (primeiro director do Museu) cujo projecto é da responsabilidade de Reinaldo Manuel dos Santos (1731-1791), datável de 1778. Também de sua autoria é o desenho do pedestal do chafariz cuja parte superior recebe um grupo escultórico representando Vénus e Cupido, executado pelo escultor António Machado (-1810).
Mais adiante, na extremidade ocidental do edifício, abre-se um pequeno jardim construído sobre a chamada Rocha do Conde de Óbidos, formação rochosa sobre a qual se situavam outrora, de um lado
o palácio dos condes de Óbidos (actuais instalações da Cruz Vermelha) e do outro um antigo convento feminino, o designado convento das Albertas. Este convento já não existe e no seu lugar ergue-se, hoje em dia, a ala do museu edificada no final dos anos de 1930, enquanto a pequena cerca do convento foi transformada num jardim público – o Jardim 9 de Abril – que dá acesso à entrada principal e que liga, através de duas longas escadarias que tiram partido da topografia, com a avenida 24 de Julho, toponímia do antigo Aterro oitocentista. 
Coleção
A colecção do Museu Nacional de Arte Antiga integra o mais vasto acervo de obras nacionais e estrangeiras existentes no país. A variedade dos objectos de Artes Plásticas e de Artes Decorativas e a extensão do horizonte temporal em que se inscrevem – do século XII ao século XIX –, dão corpo a uma colecção expressiva da diversidade de origens geográficas – Portugal, Europa e Oriente. 
Pintura
Considerada globalmente, a colecção de pintura abrange cerca de 2200 obras que vão do século XIV aos anos vinte do século XIX. Integra a pintura portuguesa, a pintura europeia e os núcleos de iluminura e de miniatura. 
Escultura
A colecção de Escultura é constituída por cerca de 2500 obras. Teve a sua origem no processo de extinção dos conventos (1834), na transferência do espólio da Real Academia de Belas Artes, de Lisboa, e na aplicação da lei de separação da Igreja do Estado (1911), tendo o seu enriquecimento patrimonial prosseguido com legados, doações e aquisições. Entre os legados destacam-se o do poeta Guerra Junqueiro e, entre as doações, a de Calouste Gulbenkian e a dos herdeiros do Comandante Ernesto Vilhena. Em exposição permanente encontram-se 10% de todos estes exemplares.

Ourivesaria
A colecção de ourivesaria é constituída por cerca de 2100 peças abrangendo um período do século XII ao século XIX, distribuídas fundamentalmente por dois núcleos: ourivesaria portuguesa e ourivesaria francesa. A colecção integra ainda um significativo conjunto de peças indo-portuguesas bem como um pequeno mas importante grupo, praticamente inédito, de cruzes medievais em metais não preciosos.

Cerâmica
A colecção de Cerâmica inclui cerca de 7500 peças em faiança e porcelana de diversas origens e de diferentes fabricos europeus, nacionais e orientais. À origem conventual do acervo juntaram-se outros objectos vindos das colecções reais ou provenientes de legados e aquisições.
Mobiliário
A colecção de mobiliário é constituída por cerca de 1700 peças distribuídas por três núcleos principais: mobiliário português, mobiliário europeu e mobiliário luso-oriental.

Têxteis
Colecção constituída por cerca de 4500 peças distribuídas por quatro núcleos bem diferenciados, tanto pela técnica como pela função: paramentos e alfaias litúrgicas do século XIV ao século XIX, colchas bordadas dos séculos XVII e XVIII, tapeçarias do século XVI ao século XVIII e tapetes orientais e portugueses do século XVI ao século XVIII.

Vidros

A colecção de vidros é constituída por cerca de 1400 peças com grande variedade de tipologias.Cerca de metade da colecção de vidros é de fabrico português. Os centros de proveniência são a pioneira fábrica do Covo – que terá laborado desde o século XVI até aos finais de oitocentos – e a Real Fábrica de Coina, em laboração entre 1719 e 1748, altura que foi transferida para a Real Fábrica da Marinha Grande. Refira-se ainda o período de produção de vidros da Fábrica da Vista Alegre, entre 1824, ano da sua fundação, até 1846.